martes, 5 de mayo de 2009

Confusões Eruditas

Hoje me deparei com o siguente trecho de um programa de notícias norte-americano: link.

Para aqueles que tiveram problemas para entender o inglês, resumo: A partir do cálculo da energia liberada durante uma explosão solar, seguida muito provavelmente de uma ejeção coronal de massa, acontecida em 1859, especula-se quais seriam os danos potenciais que poderia trazer o mesmo fenômeno hoje. Não me interessa entrar no detalhe de saber se o cálculo é correto ou não. Entretanto gostaria de dar um contexto fenomenológico, histórico e social.

A explosão do 1ro de septembro de 1859, que parece referir o astrofísico entrevistado, foi uma das mais intensas já observadas e deu origem ao estudo do fenômeno em geral (nunca antes tinham sido observadas com telescópios). Apesar de contar com poucos instrumentos na época, podemos saber agora que a mesma provocou uma tempestade magnética muito intensa na Terra. Michio Kaku, o astrofísico entrevistado, diz que agora foram realizadas estimações da energia liberada por aquela explosão e que a partir desses cálculos conclui-se que se voltasse a acontecer poderia gerar um prejuizo econômico equivalente a 10 furacões Katrina. Com o próximo máximo de atividade solar previsto para 2012, ele alerta para tomar medidas preventivas urgentemente.

Pela estrutura do programa, tudo indica que se trata daqueles noticiários (shows) sensacionalistas. Mas desta vez entrevistou um astrofísico de nome. Quem é Michio Kaku? Trata-se efetivamente de um físico teórico que trabalha em teoria de cordas, e se dedicou a divulgação científica ultimamente con não pouco sucesso. Tanta exposição ao público parece te-lo tornado promíscuo evidentemente, e assim não teme lançar uma afirmação, a primeira vista, infundada. Algum reflexo de cautela lhe faz repetir duas vezes que o fenônemo poderia acontecer novamente talvez, talvez (perhaps, perhaps diz em inglês).

Sim, é infundada, porque, independentemente do que a explosão de 1ro de seiembro de 1859 poderia fazer hoje, a verdade é que não temos como prever se outra explosão como aquela poderia acontecer nem quando. É como se eu amanhã afirmasse que devemos tomar medidas urgentes porque um vulcão gigantesco pode entrar em erupção e suas cinzas criar um inverno global prolongado. Isto já passou, por que não poderia voltar a acontecer?

Depois daquela primeira explosão solar de 1859, observamos milhares mais. Nunca, nenhuma outra teve esse poder. E aínda mais, o evento aconteceu durante um ciclo de atividade solar que não foi dos mais intensos. Tivemos na década de 1950 um dos períodos mais ativos dos últimos 11.000 anos. E não se registruo uma explosão como a de 1859. Mas a ignorância nos leva justamente a intentar conhece-las melhor, para evitar desastres futuros. Faz anos que todos os países investem muito dinheiro para poder detectar prematuramente ou prever estes fenômenos que são englobados no chamado Clima Espacial.

Uma pena, um desserviço, quem tem que trazer tranquilidade à população, parece abusar dela e de sua credulidade. A dialética do medo me resulta imoral.